Quem é o Zé?

Era um baita sábado ensolarado. Daqueles em que sentar-se em uma mesa de bar se torna quase que obrigação. 3 da tarde? Que nada, o relógio ainda não marcava nem onze da manhã. E lá estávamos. No bar.

O papo? Futebol. Era final de semana de rodada decisiva do nacional. O assunto só cessava entre um gole e outro - ah, vez ou outra a atenção também se voltava para o movimento da rua por onde passavam charmosas donzelas trajando suas minissaias.

Eis que uma cena interrompe a sequência futebol / gole / passarela...

Na mesa de sinuca, um duelo entre um rapaz de meia idade versus um senhor com pinta boêmia chama a atenção. Na verdade, quem chama a atenção mesmo é o senhor com pinta boêmia. Amigo de todos no bar, era chamado pela alcunha de 'Zé'.

Entre uma tacada e outra, esbanjando conhecimento de causa (de todas as causas), Zé provoca seu adversário ao prever suas jogadas antes de executá-las. Cigarro no canto da boca, copo americano na mão e um ar de soberba de quem viveu seus sessenta-e-poucos anos como ninguém.

Com facilidade, despachou seu primeiro rival. O segundo não deu nem graça. O terceiro, morreu de véspera.

Zé, então, resolve sentar-se. Ocasionalmente, senta-se em nossa mesa.

Vou dar um conselho a vocês: se alguém quiser a tradução exata de 'resenha', sente-se com o Zé. Sentenças curtas e sucintas que vinham carregadas de conteúdo e história. Incontáveis histórias. Causos da bola, da várzea, da noite, do bar.

Papo vai, gole vem, decide revelar seu apelido: "...minha marca registrada sempre foi a carretilha. Não tem um boleiro que nunca vestiu uma carretilha minha. O tiozinho aqui era diferenciado...”

E então Zé olha para seu belo relógio e levanta-se apressado: "Preciso ir. Prazer, Zé Carretilha!", e partiu.

Zé Carretilha era roleiro, namorador, misterioso. Não sabemos o real motivo pelo qual ele saiu apressado. E quem se importa?

Folclórico na mais profunda essência da palavra, Zé nos inspira diariamente.

 

ZÉ CARRETILHA. O MALANDRO DA BOLA, DO BAR, DA NOITE.