Derrota do São Paulo para o Grêmio escancara o momento difícil do Tricolor

Fazia tempo que não me sentia tomado por uma escuridão plena, um beco sem saída, à beira da depressão futebolística.

Foi assim que me senti nos minutos finais da partida em Porto Alegre.

Ganhar ou perder faz parte, obviamente, do jogo. A maneira como se perdeu, não.

 

Nenhum clube do planeta viverá apenas de vitórias. Impossível. O que esperamos é que nossos times, neste caso especificamente o São Paulo, venda caro e guerreie todos os dias de sua existência.

 

E isso passou longe de acontecer em Porto Alegre...

 

O São Paulo até iniciou a partida de forma aceitável, buscando algo, tentando, jogando. A partir do momento em que se toma o gol, o time desmorona. Com um mental afetado pelos recentes insucessos, atrelado aos problemas extra-campo da instituição, cobranças, pressão e desfalques aos montes, o time simplesmente mergulha num poço sem fundo e não consegue competir.

 

Erros infantis de quem já performou algum dia. Erros bizarros de quem nunca performou.

 

O lateral esquerdo titular deixa o campo com 11 minutos, sem qualquer surpresa para o torcedor. Seria, no caso, o décimo quinto desfalque da equipe. Até o presidente se encontra no DM, com dores nas costas - ausente em POA.

 

O lateral que o substitui não possui qualquer capacidade de vestir a camisa branca com listras em vermelho e preto.

Tapia ajuda com a bola. Sem a bola possui um desinteresse ímpar na recomposição. Assim como seu companheiro, o 10, que demonstra claramente querer deixar a equipe ao final do ano. E atua como se já tivesse a deixado.

 

A zaga, que outrora era vista como nosso ponto forte, tornou-se uma mãe. Lenda? Que lenda?

 

Rodriguinho, que evoluiu durante a temporada, chega ao final dela no mesmo ritmo de seus companheiros de frente: 0km por hora.

O camisa 7 é outro que precisa começar a ser cobrado. Um ano catastrófico dele. Ajudou em absolutamente nada.

 

Rafael oscila entre milagres e vacilos.

Marcos Antonio é, realmente, o único lapso de lucidez desta temporada. 

 

Mas voltemos a falar do "jeito que se perde". Daquela forma descompromissada, perdendo de 2 gols e tocando lentamente de lado, sem qualquer respeito com o torcedor que viajou quase mil quilômetros para apoiá-los.

 

E isso reflete o todo.

15 desfalques. Todo mundo lesionado. Quem ainda não está, caminha para estar. O presidente não viajou, assim como o diretor de futebol também não.

 

Não há gestão de elenco. Não há cobrança interna. Não tem um do elenco que chute um Gatorade no vestiário após uma derrota ridícula dessa.

Não há um dedo levantado para o companheiro, internamente, como se deve acontecer.

 

Muricy, o dito "elo de ligação entre jogadores e comissão" sequer viaja. Aliás, este não se vê há tempos.

 

É tudo uma bagunça. Uma catástrofe.

 

E, pra variar, em breve vai sobrar para o treinador. É este o modus operandi. O novo ganhará meia dúzia no início, e volta à estaca zero 3 meses depois. Este é o ciclo interminável.

 

Ao fim do jogo me flagrei controlando para que lágrimas não chegassem ao meu rosto pela sensação de impotência e ausência de luz no fim do túnel.

 

Eu, que sou um dos maiores defensores do "separe as coisas, vamos viver o São Paulo, torcendo pela instituição APESAR dos problemas do ecossistema extra-campo, admito aqui: está difícil. Super difícil.

 

Que Telê nos guie para um caminho saudável.

Amém!

 

Cassio Alves - @tricolornamochila